quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Capítulo I: Apresentação, Reinício e um teste.

Nossa história, como todas, tem um fim. Ou pelo menos vai até o que chamarei, por motivos utilitários, ou seja, para não ficar preso em labirintos psicológicos, e muito menos arriscar que me roubem a criação (vide Agatha Christie e mr. Poirot), de um fim.
O único problema é que ela não tem um início.
E não, isso não é o início de um labirinto sagaz, o único motivo é que o NS se recusa a contá-lo para mim.
Negociar com ele é difícil - se não impossível, então eu tive de aceitar.
A propósito, prazer, meu nome é Josh, e serei, a pedido do NS, o narrador dessa história.
Parece que ele foi tirar férias de Natal no ano passado e gostou de Fernando de Noronha e não voltou mais, então me delegou a tarefa de reportar, assim como ele me contou, a aventura dos nossos personagens a vocês.
Eu tentei argumentar que isso deveria constar de um prefácio, no máximo de uma introdução, mas ele não quis conversa, então fica aqui no primeiro capítulo mesmo - quem sou eu, afinal, para discutir?
Prossigamos.

E então o Gafanhoto arrematou:
- E vocês não acreditam! Logo depois disso ele bateu na mesa e disse: "a muqueca tá pronta!"
Todos ao redor caíram em gostosas gargalhadas. De copo na mão, o Mestre chegou, colocou a mão sobre o ombro do Gafanhoto e disse:
- Só você, mesmo, pra fazê-los rir assim. Ainda mais depois do que aconteceu!
- Mestre - retrucou o Gafanhoto, - não lembra. Um iPod é uma vida!
- Ai, ai, vocês e suas parafernálias - suspirou o Mestre... - Um dia ainda esquecerão suas cabeças em modo standby. Eu, por mim, prefiro continuar a relaxar na praia...
- Sei, sei - interrompeu o Gafanhoto, revirando os olhos. - "Ouvindo a música que vem da alma", já conheço esse discurso - e deu uma piscadela pra Libélula, que retribuiu com seu olhar enigmático de sempre, mas com um toque de rara intensidade, dissimulada, perceptível apenas para as mentes mais sublimes.
- Hehe - sacou o Mestre, - vocês ainda têm muito o que aprender... Mas, afora isso, acho que vou dar uma voltinha. Vem comigo, F?
F, radiante como sempre, se comprouve imensamente em acompanhá-lo. O Mestre, também, pulsava de alegria e promessas. Depois daquele passeio no Parque, o que mais queriam era que estivessem novamente a sós...
Tal passeio, na antevéspera, ao mesmo tempo em (ou até por causa de) que fora parte de uma sucessão de eventos altamente reveladores e orgásticos, fizera parte da cadeia de acontecimentos que levaram, por coincidências inextricáveis, ao desastre do dia anterior.

Isso é o máximo que o NS revela por ora. Infelizmente, não teremos, por conta dos Santos Caprichos de NS, como percorrer as trilhas das ações que precederam e causaram tal acontecimento.
Quiçá num(ns) futuro(s) apêndice(s) eu - ou o NS, se for Sua Vontade - discorramos sobre o desastre, suas causas, a correlação fundamental entre elas, e o principal: o que ocorreu entre o Mestre e F na floresta naquela noite. A história que o Gafanhoto estava contando, e o local onde eles se encontravam no momento, é de uma total e descabida irrelevância.
Como tudo na vida (exceto talvez ela própria... mas, segundo o NS, mesmo ela)
Continua...

domingo, 20 de dezembro de 2009

O Mestre e o Gafanhoto em: A Microsoft e o Google - Introito Complexii

Era uma tarde nublada de agosto.
O Mestre e o Gafanhoto estavam dormindo em suas respectivas redes holográficas nas terras de Blogulus.
O ambiente era assim:
Calmo, nebuloso, nublado, pacífico, com uma brisa deliciosa e deserto.
Deserto, e com plantas alienígenas brotando à sua volta.
Pois bem, as plantas alienígenas, ao contrário de nossos personagens, não falavam nem andavam.
Porém, elas faziam fotossíntese.
E em Blogulus isso é assustador. Isso porque, em Blogulus, nada nunca fizera fotossíntese. Pelo menos não daquele jeito.
Imagine, caro leitor, ser sintetizado por raios DigiBlaster disparados das estruturas assustadoras, chamadas de Mer' Ystem'ahs, que se deslocavam rapidamente pelo caule topograficamente ultracomplexo dessas plantas.
Os Mer' Ystem'ahs eram organelas multiplasmáticas automotoras. Ou seja, além de meramente fatais, se moviam quase que por vontade própria. Eram movidas por um instinto assassino implantado neuroticamente no codema de seus tecidos mais básicos.
O codema era uma realidade incompreensível para qualquer um que tentasse compreendê-lo, por conta do seu inextricável campo de anulação de raciocínio, criado por alguém que achou a ideia brilhante, mas que, logo depois, deixou de achar a ideia, por ter concretizado mentalmente em seu próprio DNA (Dissonanti Neurothika Absolutii) esse conceito que exclui qualquer conhecimento, inclusive o auto.
Como tal deleção de consciência, decorrente da intangibilidade do conceito provocada por si mesma, causava também um desenfreamento no metabolismo automutativo recursivo do codema, ele começou a se espalhar por todas as espécies (contrariando qualquer tentativa, por parte da Seleção Natural, agora kickada prum canto, de terminar com a algazarra genética) de um planetinha isolado na Galáxia, que rodava agora (por conta do codema) em torno de um buraco negro e não de um Sol. Curiosamente, a vida lá se mantinha à base da perda de luz. O planetinha vivia eternamente no Horizonte de Eventos, e eternamente logo por causa disso.
Tais vegetais (se é que se pode chamar algo tão assim de "vegetal"), se obviamente não eram endêmicos de Blogulus, as terras onde nossos heróis estavam, muito menos o eram daquele planetinha, isolado no fundo do baú da História.
Eles provinham do famoso e antigamente idolatrado, hoje execrado, planeta 'Skrophularia.
'Skrophularia, curiosamente, girava em torno de nada - se alimentava da energia de Eywa, que espiritualmente permeava o planeta. Até o codema escapar do Horizonte de Eventos (e realizar esse piripaque no sentido temporal da história) e invadir 'Skrophularia e aprisionar Eywa, tornando o clima local tenebroso, sádico-assassino e (por conta dos dois outros fatores) horrendamente criativo.
E, agora, de repente, aquelas plantas demoníacas estavam brotando em torno dos nossos ressonantes e desavisados protagonistas.
As £'s (era esse seu nome) tinham ido parar lá por um infeliz acaso do destino.
Ou talvez não.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

O Mestre e o Gafanhoto em: A Microsoft e o Google - Prefatius Tenebrosus

Sim, regado a Mozart, o NS vem agora se autoduplicar numa intriga de reportagem inferior.
Beberrão, ele tenta alcançar o discípulo-mor do estágio sutil na informática aplicada.
Bullshit.

Sim, você foi avisado. Não venha reclamar de imprevisibilidades concretizadas ao bel-prazer dum ego fundido à sua capacidade criativa.
Principalmente de um ego fudido e puto com a ignorância informática de pretensos dominadores do mercado virtual.
Sim, você sabe do que eu estou falando.
Sou o Narrador Supremo, Nada Simples, Nunca S... "Cuncta stricte discussurus..." (8)
Então, onde eu tava?
Dies Irae, Dies Illa...
Pois bem, na ira de Deus.
Que, obviamente, aqui, é o NS.
Que, perdidamente, em si, Não Sabe.
Voltemos ao assunto.


Qual era?


Ah, informática.
Microsoft.
Google.
Matança.
M-G-M.
Grau!

Os personagens do nosso romance sanguinolento:
O Mestre e o Gafanhoto.
Não, a coincidência de ideais é desvinculada à coincidência de iniciais.
Ou seja:
Não ache que um vai estar do lado de cada empresa.
Lembre-se, incauto leitor: você está na Total e Hermética Cilada.
Lembra-te, atento leitor: tu também não escaparás. Conheces tua condição - doravante, assumes teu próprio risco.

Preparado?
Então, prossigamos.

sábado, 21 de novembro de 2009

ALL: A Largada (da) Lagarta...

Meio-dia.
Final de prova.
O Mestre caminha com seus colegas.
De repente, um brilho no chão.
O reflexo do céu nublado refratando o Sol para todos os lados.
No meio do brilho, outro brilho.
O reflexo da vida caleidoscópica remodelando as cores alvas do Sol desvirtuado.
Um movimento desse brilho, e Isa-rastreadora estaca.
Num estribilho aquarélico, a vida se decompõe em pernas, cabeça, corpo alongado, flexível e elástico...
O estro no trilho maquiavélico, ouvida a confusão de palermas, não pensa, o torso rebuscado, alusível e fantástico.
Demoníaca, afrodisíaca, dionisíaca, manda Apolo para o brejo e mostra a fulgência fulgurante da, pela e na aleatoriedade seletiva.
Acompanha o rumor desfragado, fragosoro, dos óbices incompletos da órbita inconquântica.
Resulta do amortecimento da queda livre pela aliteração do verso subsequente que é a morte.
Insepulta, num tormento alterca o dibre com a alienação inversa ao recipiente dessa sorte.
Metafórica, indissolúvel, abismática, abissal e asmática.
Peixe-luz, em pleno ar atmosférico. Sobe na grama como quem sobe na grama.
E essa é a profundidade da questão: fazer como quem faz, não como quem não faz.
Mente - mente tão profundamente que nem sente o ente que finge que é dor a dor que deveras sente - ou que diz sentir, pela profusão desses hábitos incompletos, incongruentes e o diabo a quatro.
Mente e convence - uma piorra de arco-íris, os arcos luminosos da íris se contraem, dilatam, se entrelaçam, intermeiam a imagem a ser formada na rotina - na rotina diária, repetitiva, do não sei absoluto que a tudo devora.
Fome come. Come a lagarta, come a visão, cosmos e visão, são Cosme e Damião - alitera tudo, em suma, aglutina o mundo sem dúvida.
E faz-se a imagem na mente alternada pela visão e pela fruição, que se intercompletam como quem gosta de mármore.
Mármore duro, frio, latente, veios correndo líquidos pela dureza sólida, pela argumentatividade seletiva coletiva duro como mármore e vem o martelo e se quebra na superfície - porque não é duro o suficiente, foi enfrentar a si próprio, se voltou contra si mesmo.
O Martelo de Mármore duro faz-se pedaços quando se ataca.
Assim como o filósofo latente da sabedoria reprimida que se prende a livros, grupos ou gramscianamente fode-se de várias maneiras.
A Cobra de Mármore percorre as ruas de são paulo, brasília, rio de janeiro, curitiba, new york, tokio e itaperoá. Subterra-se nas alvoradas do suor andarilho, do nepomuceno pianístico, do kierkegaard católico.
E Lacan surge e se desvenda numa nuvem de enigmas que é a própria solução.
Então a lagarta refulge novamente, se traz à tona do pensamento do poeta.
Que de mestre só tem o nome - o mestre inexiste.
Inexiste a águia, inexiste o suor, inexiste a hierarquia angelical Hallelujah, só existe o sono, a memória e a vontade de dormir.
E a lagarta se põe no horizonte - esférica, informal, ardente, explosiva, latente no suor do meio-dia.
Vem a noite, a dança inocente da lua, os pérfidos corpos em suor comungados pelo gélido prazer da liberdade notívaga - e bate a brisa, o sereno, e o gelado se esquenta, torna-se brilho, a Lagarta ressurge outra vez - se põe ao lado dos bailantes, dos vestidos decotados cheirando a suados de tanto se usar, dos quadris encaixados, dos corpos entrelaçados em dança esférica, carnal, inconsequente, alusiva ao patente estado de alegria corpular que crepuscula no fim do milênio da saudade.
E volta a era do gelo na forma da sogra, do sogro, da mãe, Alcebíades inconclus(iv)o amputa Menandro pai das próprias mãos onanistas e sacras automaticamente.
Mas a Fênix volta a voar livremente pelos jardins ensolarados pelo prazer de viver.
E a música termina com uma nota trêmula, linda, profana, extasiante, explosiva de prazer e de dor, de euforia e de desespero, de vida, de morte, de REALIDADE.
Carmina Burana.



Alcebíades:  "Estejam certos: nenhum de vocês conhece este homem verdadeiramente! Vocês veem, talvez, o quanto Sócrates está apaixonado por belos rapazes: não é ele bem como um Sileno?. Mas isto é apenas o invólucro externo, exatamente como naquelas figuras esculpidas de Silenos, portadoras no interno de imagem deífica. Na verdade, não lhe importa em nada alguém ser belo ou rico. Ele considera, antes, estas coisas um nada e a nós mesmos nada; ele se disfarça diante dos homens e jogou seu jogo com os mesmos por toda sua vida... Se alguém percebeu a imagem deífica no interior de Sócrates, isto eu não sei; eu, vi-a uma vez"

domingo, 1 de novembro de 2009

Béééé

- Béééé - disse o cabrito.
O Gafanhoto parou e ficou olhando.
- Que porra é essa, Mestre?
- Isso é um cigarrinho de erva, meu filho. Quando você...
- Não, Mestre, estou falando do cabrito.
- Mas que cabrito, meu Gafanhoto?
- Esse aí que tá parado aí no chão, fazendo bééé.
O Mestre pára e olha.
- Não sei do que você está falando, meu filho - o Mestre dá uma puxada no cigarro.
- É esse negócio com quatro patas aí.
- Béééé - concordou a criatura.
- Oras, meu filho, convenhamos, as suas peraltices já excederam o limite. Não acha que é hora de parar um pouco, deitar e relaxar? Sinto que suas vibrações chísticas estão meio dissonantes, não concorda?
- Sim, Mestre, mas...
- Sem mas nem meio mas. Você está precisando descansar. Aquela Lyza Brown te deixou exausto.
O Gafanhoto não entendeu. "Ahn?", pensou.
- Que Lyza Brown, Mestre?
- Aquela na música do... como era mesmo? Simão e Garfunco. "look around, Lyza Brown, and the sky is a hazy shade of winter...", o que eu acho a coisa mais estapafúrdia. Essas músicas de hoje em dia...
- ...
- E tem mais, você pela meditação noturna inteira saiu resmungando "lyza brown, andes cá, lyza rêizi nanananã". Tem cabrito nesse mato. Aliás, é Lyza Brown ou Lyza Rêizi? Você nem sabe o nome da menina! O que importa para você é atrair inocentes. Repugnante, essa cultura alienadora. Agora só falta virar comunista.
- Béééé - entoou o agora saltitante quadrúpede.
O Gafanhoto olhou o alegre mini-Bambi e tomou uma resolução. Nunca mais ouvir música moderna perto do Mestre. Já não bastasse ele ter confundido Beirut com sanduíche, e tê-lo castigado com dois dias sem música nem comida por misturar a sacra Arte Sublime à mundana Necessidade Corporal. Agora isso.
- Você deve estar usando drogas, Gafanhoto. Já falei para parar com isso. Agora, vamos voltar.
O Gafanhoto, derrotado, obedeceu-lhe cabisbaixo.
- Béééé - fez o quase-bode, seguindo-os aos pulinhos com o cigarrinho do Mestre na boca.


Final alternativo:
O Gafanhoto olhou o alegre mini-Bambi e tomou uma resolução. Enfiou o pontapé no bichinho.
Pegou bem entre o tórax e o abdome, na linha do diafragma, e o cabrito foi arremessado assim: -2x² + 3x - 5.
Como qualquer um com um nível de inteligência admissível pro Narrador Supremo pode aferir, esse polinômio tem raízes imaginárias.
O que significa que o cabritinho se deslocou no eixo "i" por algumas gerações, sofreu algumas guinadas pelas forças etéreas exercidas por apêndices citoplasmáticos dos zéfiros espaço-temporais gerados pelos fragores das ervinhas do Mestre, pelas correntes giratórias dos ascendentes espíritos de Leila Lopes, Dercy, Michael e Olívia, até surgir espontaneamente, meio atordoado em sua consciência do perigo mas plenamente funcional em seu instinto de pastar tranquilamente, no quintal de um jovem garoto que foi tomado de surpresa pela consequência inusitada da equação desferida pelo Gafanhoto.
Como tudo no Universo,
Continua...

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Sobre o Narrador Supremo

Essa figura curiosa que se autodescreve aqui será uma parte importante das narrativas entre Mestre e Gafanhoto. Responsável por unir, integrar e interpretar as vicissitudes psicossociais e viajantes dos personagens, esse ente estranho à compreensão humana é capaz de inserir quaisquer outros elementos, como Libélulas Superelétricas, na História original só para variar um pouco as coisas (como podemos ver, as essências narcosóficas do THC repercutem na mente mirabolantemente aleatória do N.S., traduzindo-se oportunamente em expressões como "Tanta História Chata", "Tem que Haver Criatividade", ou "Porra, Pára com essa Merda!"*).
Esse personagem inusitado cria um autorrefluxo complexo que envolve as relações mestre x discípulo num nível estranho.
Alguns o chamam de "Deus".
Outros, de "Nossa Senhora".
Mas a realidade é que Ninguém Sabe.

Por esse motivo, o NS se reserva o direito de alterar a realidade sem prévio aviso.
VOCÊ FOI AVISADO.
Não há garantias ao se participar da Total e Hermética Cilada.




*Há de se supor que o valor das ppm (partes por milhão) de THC [ou, nas palavras daquele-que-não-deve-nem-ser-apelidado(Merda, dá no p...!), "Thanks, Harry; Crucio!"] no fluido cerebélico do Noiado Sensacional (The Humblest Character) estava um tanto alto (Acima dos Limites Toscos dos Outros)...

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Palavras do Mestre:

"Ronaldo."

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

O Mestre e o Gafanhoto - diálogo introdutório, amostral, edificante.

O Gafanhoto estava numa crise depressiva, reclamando da vida, negativando seu chi, e indo comprar um notebook na internet, sozinho em casa, enquanto poderia estar no parque da cidade pagando as galinhas pegando as gatinhas da festa. Nas palavras desabafantes do Gafanhoto:
-- pô, mermão, eu podia tá pegando as gatinhas lá no parque da cidade, mas não, eu TÔ AQUI COMPRANDO UM NOTEBOOK!!!!!!!!!!
O Mestre (inspirado por Nosso Mércio) contrapôs a esse ponto deplorável de vista sobre a própria existência o argumento de que poderia estar pior - o aluno poderia estar estudando, como o próprio Mestre:
-- puta merda, então eu tou  mais fudido que vc, tou em casa em vez de tar pegano, robano, matano... mas eu vou ganhar um notebook, de graça!! - pausa para reflexão, digitação e capturação - CARALHO EU SOU MUITO NINJA!! Já pinçou um mosquito no ar?? Segunda vez que eu faço isso em duas semanas! Caralho eu mereço esse note pqp!! Vou pro "se vira nos 30!"!!
O Gafanhoto, em uma de suas sábias introspecções, tem uma revelação indizível e a expressa com toda sua força... moral expressiva... com toda sua eloquência!:
-- hahahahahahahahahahahahahahaha... Boto fé!
O Mestre, lisonjeado com a loquacidade de seu criativo discípulo, resolve prolongar a conversa, tentando chegar ao núcleo psicológico da perturbação do pupilo:
-- ahseuhseaie ;P vc entrou só pra encomendar o note mesmo? Oo seus pais não xaropam? (mlk, da primeira vez foi mto escroto. eu tava conversando no MSN, levei a mão pra trás da orelha e quando tirei o mosquito tava lá, esmagado entre meus dedos indicador e médio :O)
O Gafanhoto, sentindo sub/inconscientemente a profundidade da lição vindoura, perpetua a comunicação:
-- é, velho. Eles nem me deram tiros nem nada. Deixaram numa boa. (que massa. Quero aprender a fazer isso.)
O Mestre intui Freud e:
-- asheuiesahuiaesh xD e a surra instituída depois do jantar, ainda vale?
O Gafanhoto comete impávido o ato falho freudiano:
-- Claro!! Uma vez instituída, jamais retirada!
O Mestre, dissimulando sua ação filosófica para a melhor fruição do acontecido, intermeia:
-- ;P (é fácil, constitui-se de dois princípios: primeiro, tenha um mosquito; segundo, seja ninja) ;S o negócio aí é bad, hein?
O Gafanhoto não reage à ardilosa estratégia investigativa do Mestre em inverter a ordem do discurso e prossegue incólume:
-- nem é não. Meus pais são mó de boa. de vez em quando. (se eu arrumar uma katana, posso usá-la pra matar o mosquito?)
O Mestre, dando a volta por cima da intempérie, se rearranja maliciosamente:
-- eu tava zuando ;P tava preparando uma tirada com o Golpe ;D conspiração pais-escola. Tamo fudido. (há um terceiro princípio oculto: saber diferenciar um ninja de um samurai! ;P)
O Gafanhoto, apreendendo de chofre o xis da questão, reconhece:
-- saquei. é, tamu fudido. (não importa qual, eu quero ser o que voa)
O Mestre e o Gafanhoto, a partir desse influxo discipular, assumem um dinamismo psico-dialógico inenarrável, meramente reprodutível:
-- (o superman?)
-- (não, Mestre, o tapete voador)
-- (então, Gafanhoto, sua preocupação são as traças, e não os mosquitos. Para traças, há dois princípios: primeiro, tenha traças; segundo, seja um tapete voador ninja. Você pode usar uma katana voadora se quiser.)
-- (legal. Eu adoro isso)
-- (:D vá em frente, pequeno Gafanhoto. Um dia, crescerás e te tornarás um Grande Tapete Persa Voador Combatente de Traças com Katanas e Super-Homens)
-- (e cavanhaquis. Não se esqueça do cavanhaquis)
Aqui, é possível arriscar o que o Mestre sentia - um orgulho de arguir o pequeno Gafanhoto sobre suas gestativas ideias:
-- (cavanhaquis são uma espécie de quase-barbas esboçadas em croquis?)
-- (na verdade, cavanhaquis é só um jeito legal de falar cavanhaque.)
E o Gafanhoto, após uma tremenda mistura de digressão espaçotemporal, superconsciência metafísica e provavelmente o hálito da Dinamite Pangaláctica e a fumaça do Cachimbo da Paz, ambos do Mestre, expõe ao último sua revelação sobre o Narrador Supremo:
-- (uh. Palavras difíceis: arguir, gestativas e mestre.)
O Mestre, sem entender, achando que foi meramente uma tirada por parte do pupilo, engasga e testa com perfeito sucesso e gritante inconsciência um desvio de assunto:
-- (sim, sim, "mestre"... suas raízes têm origem no útero de Bravathnakam, que pronunciou as sílabas sagradas "mestr", significando "o", e "e", significando "aquele que tudo sabe [mas que não admite não saber enquanto o pequeno gafanhoto continuar em sua tenra crisálida]". A última parte foi omitida dos anais da filosofia Bhramavatskiana {i. e., do descendente humano de Bravathnakam e uma molécula de THC}, por terem considerado que literalmente cagaram essa parte nos anais. Como dá para perceber pela repetição redundante de "o" por "aquele", ou Bravathnakam não tinha parido direito a linguagem, ou Bhramavatski herdou parte significante de seu DNA da molécula de THC, ou TetraHidroCanabinol, mais conhecido como The Holy Cannabis.)
O Gafanhoto, nesse momento de revelação suprema, sumiu, evaporou, desapareceu, escafedeu-se inexplicavelmente.
O Mestre foi continuar seu jogo de xadrez espiritual contra um cigarrinho (sagrado por ser descendente direto em linha fitonarcótica do THC original), o qual levava esporádica e tranquilamente à boca, passada a tempestade da Revolução Revelação.